CENTRO DE INFORMAÇÃO DO COMPERJ

Itaboraí, RJ

2008

 

Concurso IAB RJ e COMPERJ

 

Área construída

5273,00 m²

 

Arquitetura

Zeca Franco

Lina Correa

Leonardo Lopes

Tiago Tardin

Thiago Grabois

 

Consultor de Museologia

Cícero Antônio Fonseca de Almeida

A uma arquitetura que pretenda ocupar a vizinhança das ruínas do convento franciscano de São Boaventura pede-se discrição. Trezentos anos de história merecem cuidado.

 

Esta arquitetura deverá manter com os avanços do mundo atual uma relação de igualdade. Suas características de sustentabilidade devem ir além do trato com a matéria prima e o consumo energético. Seu valor social existirá se houver redução ou eliminação de trabalhos fatigantes. E se contribuir para o aumento do nível cultural e tecnológico do grupo envolvido na sua fabricação e montagem. O conceito de sustentabilidade deve, portanto, incluir o homem, o carvão da construção civil. Se a tecnologia existe para evitar desperdícios, comecemos pela mão de obra, permitindo que produtividade e melhores ganhos cheguem até ela.

 

O terreno farto apresenta ondulações suaves, o clima é bom, os ventos são familiares e o calor também é nosso velho conhecido. Não foi difícil escolher um lugar que atendesse à funcionalidade e tivesse o convento e campanário ao alcance dos olhos.

 

A abertura para o antigo sítio franciscano, configurada pelos dois lados em ângulo reto e pela massa arborizada à esquerda, faz um movimento de 20 graus na direção norte-leste, para garantir o enquadramento das ruínas. Da entrada do edifício o visitante já terá sua primeira visão do conjunto tombado.

 

Temos, então, uma planta em L recebendo ao sul a gerência geral e serviços, salas de reunião e vídeo – conferência. No outro lado, voltado para o norte, ficarão o salão, auditório, sala de 3D, biblioteca e museu. No abrigo do L e do arvoredo, a praça cívica e o museu aberto; este avançando mais para noroeste na direção do velho convento.

 

A construção deverá se erguer 50 cm acima da cota 18 com economia nos movimentos de terra e fundações, vantagens no equilíbrio térmico e elegância na ocupação do solo histórico.

 

Sugere-se a instalação de uma passarela para facilitar o acesso ao conjunto das ruínas a partir da praça cívica ou do museu aberto. O desenho apresenta uma ligação em ponte metálica, numa extensão de 120,00 m a partir da cota 15 entre as duas pequenas elevações do terreno.

 

Cobrindo o conjunto edificado, 1,20 m acima deste, uma grade metálica sustentará, `a maneira de um brise, réguas de madeira Teca intertravadas, medindo 2,50 m, com seção de 15cm x 2,5cm). Este recurso de sombreamento deverá reduzir a temperatura de contato da cobertura em até 20º C nos dias mais quentes.  Suas telhas zipadas, com isolamento térmico, serão vazadas por claraboias em vidro translúcido para que a luz natural possa chegar aos ambientes após ultrapassar o plano de sombreamento e perder parte de sua luminosidade e calor. Internamente, forros em colmeia poderão ser aplicados com o mesmo objetivo. Nos ambientes não condicionados as claraboias serão usadas também como elementos de ventilação.

 

O sistema construtivo, em módulos horizontais de 5,00 m x 7,50 m, vai usar vigas em perfis laminados e pilares em tubos de seção quadrada. Todas as ligações serão aparafusadas dispensando o uso de solda no canteiro.

 

As vedações internas e externas serão painéis sob coordenação modular a 1,25 m e fabricados em placas cimentícias, vidro, chapas metálicas, madeira processada, ou gesso acartonado. Vão configurar sistema seco importante nos futuros remanejamentos em planta.