<
>
A ponte
Entre a morraria e o Itajaí-Açu, cresceu Blumenau. Agora, o rio desce justo entre os edifícios altos e as marginais estreitas. A nova ponte deverá considerar a cidade adensada e abrir mão de metáforas musculares. Sua mística terá origem no silêncio; sua geometria e singularidades estáticas serão fruto de busca cuidadosa a serem transferidas para o material sem picos de tensão ou desvios repentinos. Sua expressão minimalista deverá ser assimilada pela paisagem, mas não esquecida.
O seu desenho começou com duas treliças W clássicas, de banzos paralelos. A distância entre os apoios, entretanto, sugeriu curvatura suave a permitir que novos caminhos surgissem. Uma cobertura parcial sobre os travamentos entre as vigas treliçadas, ali onde a altura do conjunto estrutural alcança 10 metros, abriu espaço novo para observação da cidade, sugerindo quebra na rotina dos caminhantes ao atravessar a ponte.
Que sua horizontalidade e linhas suaves sejam a razão principal de sua sedução. Que os dois lados do Itajaí-Açu tenham nela um contraponto às massas construídas em suas margens.
A passarela
Um desnível de 5 metros separa a prainha das áreas urbanizadas mais acima. Na outra margem, caminhos novos ou antigos acomodam-se na encosta abaixo da rua Itajaí a uma distância vertical semelhante. Pareceu razoável pensar numa estrutura biapoiada cuja altura permitisse vencer o vão de 140 metros e promovesse a ligação entre as margens em dois níveis. Os seis metros previstos para o piso divididos ao meio, mantendo iguais os números resultantes da sobrecarga prevista.
O piso de cota 16 foi reservado aos pedestres. O piso abaixo, na cota 11, vai abrigar os ciclistas.
A configuração do conjunto treliçado, de linhas retas e mais despojado do que a ponte, procura a forma mais simples, os limites da imaterialidade. O prisma vindo da margem direita num rasante sobre a prainha.
O vapor Blumenau entrou nesta história porque, apoiado em vigas de concreto, ou em uma piscina de águas calmas, parece afogado em melancolia.
Trazê-lo para junto do rio, convidá-lo a uma fuga simbólica; sua linha d’água a 11, 00m sugere um retorno iminente ao passado. E quando as cheias do Itajaí-Açu subirem até sua quilha, o velho vapor vai metamorfosear-se num Quincas Berro d’Àgua que encontrasse Fitzcarraldo.
PONTE DO CENTRO
Blumenau, SC
2011
Concurso Prefeitura de Blumenau
Área Construída
Ponte: 4600,00 m2
Passarela: 1860,00 m2
Custo estimado (obras civis)
R$ 43.000.000,00
Arquitetura
Zeca Franco
Cesar Jordão
Daniel Arteaga
Fagner Marçal
Iso Milman
Jacó Sanowitz
Lina Correa
Leonardo Lopes
Cálculo Estrutural
Ponte: Gilberto de Barros
Passarela: Leonardo Perazzo
Instalações
Pedro Esteban
Orçamento
Marcos Vinicius