ESPAÇO BARÃO DO RIO BRANCO

Avenida  Presidente Vargas

Rio de Janeiro, RJ

1994

 

Concurso IPLANRIO

 

Projeto

Zeca Franco

A área objeto do concurso escapou do desmonte ocorrido no lugar quando da abertura da Presidente Vargas.

 

Antes disso, muito antes, em meados do século XIX, na Marechal Floriano de agora, e na Rua Larga daquele tempo, o 2° Barão do Itamaraty construiu sua residência que virou o nosso palácio de hoje.

 

Em 1874, no número 104 da mesma Rua Larga, foi inaugurada a primeira Escola Normal do Rio de Janeiro, a Rivadávia Corrêa atual. Ela acabou entrando nessa história, tendo escapado ilesa da blitz de Vargas, mas não do zelo de algum projetista anônimo que a empanturrou de novas salas de aula à custa de um anexo que veio à este mundo com o plano de obras do prefeito Henrique Dodsworth. Acabou ficando até hoje disfarçado na paisagem da quadra e asfixiando o lado leste da Rivadávia.

 

E foi por onde eu comecei: no anexo, que de mero coadjuvante vinha ganhando ares de protagonista com as recentes demolições na quadra.

 

O Itamaraty que mal ou bem vivia no sossego relativo da Floriano, também se expôs com o desmonte de sua vizinhança ao sul e se viu ameaçado pela Presidente Vargas.

 

Por tudo isso decidi desenhar com ingredientes de sabor (modernista) reconhecido, um recinto, aproveitando o espaço conquistado, mas não embevecido a ponto de estragar tudo com a super exposição.

 

A Escola Rivadávia, desde sua construção, vinha sendo superada no tempo e no espaço, mas não poderia passar sem as salas perdidas com a derrubada de tal anexo; não a curto prazo.

 

Então, no alinhamento da Presidente Vargas, obedecendo às posturas de inspiração agacheana, desenhei a lâmina alta para abrigar as novas salas e o terraço principalmente coberto, necessário e, até então, inexistente.

 

Uma rampa metálica, saindo do quintal da Escola que dará acesso às novas salas num contra ponto interessante com a recém-descoberta fachada leste da Rivadávia.

 

Para os lados do hotel, o recinto se completa no mezanino de bons terraços, bares, lojas e restaurantes. E o espaço resultante ficou bem arranjado. Perto da escola, separando-a, desenhei um espelho d’água; faltava esse elemento.

 

A colunata em semicírculo, no espaço resultante, é arquetípica. Se volta para o palácio e a ele se liga por uma linha, meridiano-eixo-raio. É o simples prazer de um abraço, de um caminhar sem compromisso. São cilindros de concreto separados por uma distância muito maior que a existente entre as colunas da antiguidade clássica, posto que ali estão como suporte estrutural. São cilindros vazados furando o teto do estacionamento. É verdade que existe uma sugestão de anfiteatro, mas não existem desníveis notáveis. Um ou dois degraus e cores no chão de concreto que cobre toda a área. Manifestações populares, discursos, danças e música, e uma visão protegida e privilegiada do Itamaraty. O paisagismo, a paisagem, é isso e mais a arquitetura. As árvores existentes na Floriano ficam e é só.

 

Para finalizar, gostaria de acrescentar que os níveis de estacionamento, térreo e o mezanino serão interligados por escadas rolantes, que poderão se estender, no futuro, até a lâmina que abriga as salas de aula. É possível que a Rivadávia possa, algum dia, se mudar para lugares menos hostis a uma escola, quando então estas novas salas poderão ter outra utilidade mais voltada para o “Espaço Barão do Rio Branco”.