Concurso Público Nacional de Arquitetura para o Memorial às Vítimas da Kiss

 

Santa Maria | RS

2018

 

Concurso IAB RS

 

Área Construída

1.100,00 m²

 

Arquitetura:

LZD ARQUITETOS

 

Zeca Franco

Lina Correa

Tiago Tardin

Heloisa da Silva Marques

 

Orçamento:

Luiz Antônio de Sousa da Silveira

 

Estruturas:

Leonardo Perazzo Barbosa

 

Instalações hidrossanitárias, energia e comunicação, prevenção e combate a incêndio:

Wellington Alves Medina

 

Climatização e exaustão:

Hamilton Caetano da Silva

 

O Memorial às Vítimas da Kiss, no mesmo lugar onde a dor começou, parece acompanhar as palavras de Marcel Proust, em “Albertine Desaparecida”, sexto volume de “Em Busca do Tempo Perdido”: “A cura do sofrimento só será possível se pudermos experimentá-lo plenamente”.

 

Voltar à Rua dos Andradas e aí gravar as memórias de todos que desapareceram é atitude corajosa na superação.

 

Procuramos deixar que o lugar se abrisse para a rua, com a construção em recuo e apenas o auditório, elevado do chão, chegando até o alinhamento frontal do lote. No primeiro pavimento, com acesso pela cota mais alta do terreno, dispusemos as três salas menores e a loja para locação. Pareceu razoável que estas atividades ficassem no térreo e, portanto, mais disponíveis. A zeladoria, uma copa pequena e a recepção vão se juntar a estas quatro salas compartilhando com elas o espaço de chegada, todos servidos pela escada e um elevador. A rampa de acesso a esta parte termina em uma varanda a ser incorporada ao uso da sala maior; extensão aberta, mais informal e próxima do gramado oferecido aos visitantes na parte livre do terreno.

 

O segundo pavimento vai receber o Salão Multiuso, com pé direito duplo, e os sanitários públicos, além do banheiro de uso administrativo. No terceiro andar, o auditório contará com infraestrutura mínima de palco; um camarim e cabine de som e luz.

Os espaços do segundo e terceiro andares serão abertos para a fachada norte, com proteção por cobogós para os ambientes condicionados, e terão mais luz e ventilação naturais pelo prisma recortado na divisa de fundo, ao sul. Este recorte estende-se por toda a extensão vertical do edifício.

 

O quarto pavimento, de área menor, vai acomodar os equipamentos de climatização e exaustão e dará acesso ao terraço.

 

O Salão Memorial, mais introspectivo, vai ficar em pavimento inferior, em movimento parcial do terreno, e terá acesso, da rua, por sua cota mais baixa. A maneira dos templos santuários egípcios, será servido por pouca luz natural, proveniente do prisma que começa no terraço, levando o visitante à necessária condição de reencontro e memória.

 

No caminho aberto até ele, os nomes gravados na parede em concreto da divisa direita do lote vão orientar o visitante e ajudá-lo a distinguir, no conjunto construído, a razão maior de ser de sua existência.

 

A partir daí, o visitante poderá chegar aos espaços comuns, após sua jornada de reencontro ou voltará por onde entrou sem tomar conhecimento das atividades outras em curso lá em cima. Fica, portanto, garantida ao Salão Memorial, sua independência do conjunto com um distanciamento discreto.