MUSEU DO MEIO AMBIENTE

Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ

2010

 

Concurso IAB RJ

 

Arquitetura

Zeca Franco

Ângela Lourenço

Cesar Jordão

Leandro Penteado

Lina Correa

Thiago Grabois

 

Programação Visual

Alex Chacon

Roberta Pauletich

Os dois edifícios apresentados foram desenhados sob fortes condicionantes volumétricas estabelecidas no edital. A situação atual na área destinada aos projetos é difícil. Os automóveis ocupam espaço, provocando conflitos de circulação. A exigência de vagas para carros, caminhões e ônibus impõe alterações na entrada atual, cujo alargamento garantirá a separação mais eficiente dos fluxos.

 

O portão principal, eximido de sua função original de acesso ao prédio histórico, vai ser objeto de importante intervenção. Tendo como premissa o transito da rua Jardim Botânico e sua relação atual, pouco amena com as calçadas, desenhamos um recuo no alinhamento do lote, eliminamos a grade existente e mantivemos a segurança com a criação de um espelho d'água em toda a sua extensão e na cota do meio fio.

 

Edifício de Exposições de Longa Duração

 

No meio do caminho, indo pela face sul do edifício histórico, esta nova construção é ponto de passagem e de visitação. Sua cota de chegada, a 1,20 m da superfície do terreno, acompanha o rebaixamento do porão alto do edifício histórico. Após a primeira rampa, que leva ao ponto de encontro dos grupos escolares, a descida continua até o foyer e pode seguir em frente, na direção do auditório e do arboreto, por uma outra rampa na face oeste do edifício. Neste nível, ficam a recepção e a loja do museu, servidos por dois elevadores, uma escada aberta e outra enclausurada, além dos sanitários, guarda volumes e espaços menores de apoio.

 

O limite de altura de 15,00 m permitiu o desenho de três lajes principais. As duas primeiras (cotas 1,75 e 5,77) vão abrigar os espaços de exposição. A mais alta dentre elas vai ser parcialmente ocupada por atividades relativas ao tema do Museu. Logo acima, o terraço, coberto por uma laje jardim, também será espaço para exposições e vai abrigar o café.

 

No subsolo, equipamentos de condicionamento de ar vão conviver com reatores biológicos de tratamento de águas cinzas, de esgoto e pluviais. Pode-se considerar, preliminarmente, um volume de reuso da ordem de 20.000 litros.

 

O conjunto edificado resulta da intersecção de dois sólidos. Suas superfícies serão fechadas nos ambientes reservados a exposições. A comunicação visual com o exterior vai ser possível através do prisma de vidro das escadas abertas e em pontos intermediários entre as duas salas principais por onde se distribuirão as atividades expositivas.

 

A conexão com o edifício histórico será feita por duas passarelas:

Na cota 1,75 M, porque é neste nível que há, no velho edifício, espaço disponível para extensão das atividades voltadas para o público;

Na cota 5,77 M, para conexão funcional de caráter interno da instituição.

 

Edifício da Administração e Auditório

 

A altura limite de 7,50 m e o programa apresentado permitiram a disposição das atividades propostas em três camadas. O terraço e o auditório vão ocupar os dois andares superiores. O pé direito desta sala de múltiplas atividades exigia mais do que o possível dentro da altura limite. Por isso fizemos a administração em semienterrado; 1,00 m abaixo da cota do jardim. Uma escada e um elevador hidráulico vão ser posicionados de modo a manter independência das atividades administrativas. A rampa necessária aos portadores de necessidades especiais vai se desenvolver na direção do novo museu.

 

O auditório, volume de concreto sustentado por treliças de aço apoiadas em quatro pilares, vai se abrir para o laguinho das tartarugas e contar com cortina metálica de controle remoto para que a sala possa se manter reservada quando necessário.

 

O terraço aberto será protegido por cobertura em vigas intertravadas de madeira laminada e sua vedação tem vidros translúcidos e calhas de aço para coleta das águas de chuva. Estas águas serão conduzidas por tubos de pvc no interior dos pilares metálicos. O forro desta cobertura, em ripas de madeira, completará a filtragem da luz solar, atenuando o calor.

 

Os volumes que compõem a arquitetura deste edifício vão configurar vazios importantes no conforto térmico de seus ambientes; áreas de sombra e corredores por onde o vento poderá circular e o olhar também.

 

Montagem

 

Devido às características locais, consideramos que um canteiro de obras nos moldes convencionais seria inaceitável. De acordo com módulos coordenados de 2,50 m, escolhemos processos construtivos descentralizados para redução da importância das operações in situ, encurtar prazos, diminuir desperdícios e incômodos para os visitantes.

 

A mudança na rotina construção x demolição por montagem x desmontagem abre caminho para reciclagens futuras. Seu valor social existirá se houver redução ou eliminação de trabalhos fatigantes. E se contribuir para o aumento do nível cultural e tecnológico do grupo envolvido no processo. É o conceito de sustentabilidade incluindo o homem.

 

Os padrões na superfície acabada do pré-moldado de concreto resultam do contraste entre esta e as reentrâncias obtidas com retardador de cura aplicado a uma membrana fixada ao fundo da forma.  Os desenhos serão realçados com jateamento de água sobre a face acabada e curada do pré-moldado. Os padrões correspondem às áreas não curadas e vulneráveis ao jato.